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10/05/09

Um poema de Sophia de Mello Breyner

Com Fúria e Raiva

Com fúria e raiva acuso o demagogo


E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada

Que de longe muito longe um povo a trouxe

E nela pôs sua alma confiada


De longe muito longe desde o início

O homem soube de si pela palavra

E nomeou a pedra a flor a água

E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo

Que se promove à sombra da palavra

E da palavra faz poder e jogo

E transforma as palavras em moeda

Como se fez com o trigo e com a terra


Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

1 comentários:

Rolando Palma disse...

"A palavra é sagrada"

Como tens razão... e no entanto, como vemos todos os dias as palavras na forma de promessas, mais inúteis que as mentiras, tão óbvias, tão cristalinamente falsas...

Apetecia criar mais um mandamento:

" NÃO DEVES FALAR EM VÃO"

Não estás de acordo ?