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21/07/09

O Sono do Bebé




O SONO DO JOÃO


O João dorme...(Ó Maria,

Diz àquela cotovia

Que fale mais devagar:

Não vá o João acordar...)


Tem só um palmo de altura

E nem meio de largura:

Para o amigo orangotango

O João seria... um morango!

Podia engoli-lo um leão

Quando nasce! As pombas são

Um poucochinho maiores...

Mas os astros são menores!


O João dorme... Que regalo!

Deixá-lo dormir, deixá-lo!

Calai-vos, águas do moinho!

Ó Mar! fala mais baixinho...

E tu, Mãe! e tu, Maria!

Pede àquele cotovia

Que fale mais devagar:

Não vá o João acordar...


O João dorme, o Inocente!

Dorme, dorme eternamente,

Teu calmo sono profundo!

Não acordes para o Mundo,

Pode levar-te a maré:

Tu mal sabes o que isto é...


Ó Mãe! canta-lhe a canção,

Os versos do teu Irmão:

"Na vida que a Dor povoa,

Há só uma coisa boa,

Que é dormir, dormir, dormir...

Tudo vai sem se sentir."


Deixa-o dormir, até ser

Um velhinho... até morrer!


E tu vê-lo-ás crescendo

A teu lado (estou-o vendo

João! que rapaz tão lindo!)

Mas sempre sempre dormindo...


Depois, um dia virá

Que (dormindo)

passará do berço, onde agora dorme,

Para outro, grande, enorme:

E as pombas que eram maiores

Que João... ficarão menores!


Mas para isso, ó Maria!

Diz àquela cotovia

Que fale mais devagar:

Não vá o João acordar...


E os anos irão passando.


Depois, já velhinho, quando

(Serás velhinha também)

Perder a cor que, hoje, tem,

Perder as cores vermelhas

E for cheinho de engelhas,

Morrerá sem o sentir,

Isto é, deixa de dormir:

Acorda e regressa ao seio

De Deus, que é d'onde ele veio...


Mas para isso, ó Maria!

Pede àquela cotovia

Que fale mais devagar:


Não vá o João acordar...


António Nobre

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