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19/01/10

Lá fora onde árvores são


Lá fora onde árvores são

O que se mexe a parar

Não vejo nada senão,

Depois das árvores, o mar.


É azul intensamente,

Salpicado de luzir,

E tem na onda indolente

Um suspirar de dormir.


Mas nem durmo eu nem o mar,

Ambos nós, no dia brando,

E ele sossega a avançar

E eu não penso e estou pensando.


Fernando Pessoa

Poesias Inéditas

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